segunda-feira, 23 de agosto de 2021

POR QUE NÃO DIVULGAR PRAZOS?

 Por Rafael Rossi

                                        Foto: Divulgação

Luis Fabiano com o Dr. Sanches durante recuperação em 2011


No último dia 14 de julho escrevi um texto cobrando a satisfação de alguém do São Paulo em relação a enorme quantidade de jogadores machucados. De lá para cá nada mudou. Ninguém deu a ‘cara a tapa’ e atletas continuam tendo problemas físicos. A maioria muscular. Depois de treinar normalmente (de acordo com o site oficial) o zagueiro Arboleda foi desfalque no último domingo (22) na vitória modorrenta sobre o Sport na Ilha do Retiro.

O São Paulo é o clube da Série A com mais problemas médicos na temporada. Com o equatoriano, o Tricolor chegou ao 33º caso. Como provavelmente não haverá uma explicação (a não ser questões como excesso de jogos, falta de férias e troca de comando técnico) decidi falar sobre outro detalhe que tem irritado os são-paulinos: nunca o departamento médico divulga prazos de recuperação dos machucados.

Por que essa postura? Por que isso acontece? Para isso também não há uma explicação oficial. Afinal de contas, qual o problema de divulgar uma previsão? Se é previsão, ela pode ser antecipada, pode ser confirmada ou pode ser adiada. Normal. Depende do organismo de cada jogador machucado. Mas é só uma previsão. Saber o dia exato que o atleta vai voltar a jogar é quase impossível. Até porque depende dele também dizer que está bem e confiante para entrar em campo. Então volto a afirmar: não há motivos para esconder essas previsões.

De qualquer forma é possível citar uma das principais, senão a maior, razão para o DM não revelar as probabilidades de retorno de um contundido. Para isso, temos que voltar ao ano de 2011. Desde o retorno de Luis Fabiano da Espanha e o ‘mico’ que o São Paulo passou com sucessivos adiamentos da reestreia do ídolo, nunca mais uma previsão foi divulgada para um jogador com problemas médicos.

RELEMBRE A HISTÓRIA:

No final do mês de março de 2011 o São Paulo anuncia, para delírio da massa tricolor, que repatriou o centroavante que estava no Sevilla da Espanha. Com dores no joelho direito devido a uma fibrose (cicatriz interna rígida na operação que tinha sido submetido na Espanha), porém, ele demorou muito para jogar de novo com o manto Tricolor. De início, optou-se por um tratamento convencional, sem intervenção cirúrgica.

O primeiro prazo divulgado foi de quase um mês de ansiedade. A expectativa era de que o Fabuloso estreasse no dia 27 de abril, contra o Goiás, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Mas as dores insistentes no joelho direito adiaram a reestreia pela primeira vez. A previsão então foi para uma semana depois: 4 de maio. A partida seria diante do Avaí pelas quartas de final da mesma Copa do Brasil.

Só que – de novo – o retorno de Luis Fabiano foi postergado. O médico José Sanchez na época começou naquele momento a cogitar a hipótese de uma nova cirurgia. A ideia era esperar por mais 20 dias mantendo o tratamento convencional. A festa foi programada então para o jogo diante do Figueirense, dia 28 maio no Morumbi, pela 2ª rodada do Brasileirão.

O ‘mico’ começou a se configurar nesse momento. Porque foram feitos e distribuídos até flyers (cartazes) para a torcida anunciando a tão esperada reestreia do Fabuloso. A torcida se agitou e prometeu lotar o Morumbi. O problema é que na quarta e na quinta-feira da semana que antecedeu esse jogo, o centroavante reclamou novamente de dores no joelho direito. Com isso, o clube foi obrigado a marcar e divulgar a cirurgia para a retirada da fibrose.

Por fim, Luis Fabiano só reestreou pelo São Paulo no dia 2 de outubro de 2011. Infelizmente foi em uma derrota para o Flamengo por 2 a 1 em pleno Morumbi pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro.

O 'MICO' de tantas previsões de retorno que não aconteceram fez com que o São Paulo nunca mais divulgasse previsão para nenhum atleta contundido. Pode pesquisar que você não vai achar nenhuma outra previsão de retorno depois desse caso. Repito que oficialmente não há nenhum posicionamento e nenhuma confirmação do São Paulo de que o 'caso Luis Fabiano' em 2011 seja o motivo dessa postura.

Mas é fato que após isso e até hoje é preciso buscar nos bastidores as informações dos machucados ou então pesquisar com outros especialistas uma média de recuperação de cada caso específico de acordo com o histórico da medicina esportiva.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

VITÓRIA DA TRADIÇÃO

 Por Rafael Rossi



Tricolores comemoram no vestiário na Argentina. Foto: Erico Leonam/SãopauloFC

O São Paulo bateu o Racing na Argentina por 3 a 1 e avançou às quartas de final da Libertadores. Acredito que quando você estiver lendo esse texto obviamente a notícia já vai estar até ‘velha’. O que eu quero destacar então é a tradição na maior competição do continente. Nunca a tradição esteve tão presente como no gramado do estádio Presidente Perón, também conhecido como ‘El Cilindro’, em Avellaneda, região metropolitana de Buenos Aires.

Claro, Crespo e cia. tiveram um papel importantíssimo na conquista da vaga (já falo mais sobre isso), mas é impossível negar a história. Nunca o São Paulo havia sido eliminado nas oitavas de final por um time estrangeiro. Continua da mesma forma. Apesar da crise no Brasileiro, em nenhum momento se questionou quem era o favorito no confronto. Atenção: no confronto (dois jogos) e não apenas para o duelo desta terça-feira (20) longe da capital paulista.

Se falar em títulos e camisa então aí vira covardia com os ‘hermanos’. A equipe argentina ganhou a Liberta no longínquo ano de 1967 e encarava o tricampeão com conquistas em um futebol bem mais contemporâneo. Pesava contra o Tricolor neste jogo especificamente o recente futebol ruim no Brasileirão, as inúmeras contusões musculares no elenco e também o fato da última vitória do São Paulo na Argentina ter sido em 2005, ano até aqui da conquista derradeira.

Mas nem mesmo o fato do time são-paulino tradicionalmente se garantir em casa e não trazer lá muitos bons resultados longe do Morumbi conseguiu derrubar a tradição e o peso do manto sagrado Tricolor em Avellaneda. Como falei no início do texto, houve méritos de Crespo e dos jogadores. O maior deles é do técnico gringo que finalmente (parece) ter largado mão de Pablo e, principalmente, de Vítor Bueno.


Marquinhos e Rigoni marcaram os gols. Foto: Erico Leonam/SãopauloFC

DIFERENÇA


Escrevi no meu twitter e repito aqui: Miranda, Benítez e Rigoni. Com esses três em condições o São Paulo não é aquele time modorrento e sem vontade. Mérito deles é gigante também. Pelo que jogaram e pelo que ‘contaminaram’ os demais. Com exceção do tímido (para não dizer outra coisa) Ígor Vinícius, o time todo foi bem. Fora os três, não tem como não citar o atacante Marquinhos de apenas 18 anos. A cria de Cotia até outro dia estava jogando o Brasileiro Sub-20 com Alex e também foi decisivo na classificação. Mais um mérito de Crespo.


Marquinhos (esq.) tem apenas 18 anos. Foto: Staff Images/CONMEBOL

E se o adversário das quartas de final for o rival verde, que Crespo e Cia. mantenham a tradição. Porque tradição nesse confronto é alegria para nós são-paulinos. Mas isso é assunto para um outro texto.

Um abraço !!!

quarta-feira, 14 de julho de 2021

DEPARTAMENTO MÉDICO DO SÃO PAULO PRECISA SE PRONUNCIAR

 Por Rafael Rossi


Eder deixa o campo contra o Racing (Foto: Marcos Ribolli)

Olá amigos tricolores!

Alguém do departamento médico do São Paulo precisa se pronunciar, dar uma satisfação, explicar algo que parece inexplicável: a quantidade enorme de contusões musculares do time na temporada 2021. No título, menciono o departamento médico como um todo. Mas é preciso citar que o atleta passa durante o processo completo também pelos departamentos fisioterápico, fisiológico e físico. Então o questionamento vale para qualquer um deles. A impressão do torcedor é de que ‘a cada jogo sai um atleta de campo machucado’. Veja bem, além de não ser médico, estou a 440km da capital paulista. Então esse texto não é para crucificar/culpar ninguém de forma leviana. É apenas uma constatação do que vem ocorrendo dia a dia e ninguém dá uma palavra sequer.

Dos reforços do São Paulo para a temporada 2021 estavam machucados e vetados para a partida da última terça-feira (13) o zagueiro Miranda, o volante Willian e os atacantes Luciano e Rigoni. Com exceção do volante que tem um trauma no joelho direito, os demais apresentam contusões musculares. Miranda sentiu um estiramento na coxa esquerda, Rigoni um edema na coxa direita e Luciano lesão muscular no posterior da coxa esquerda.

No meio do horrível empate por 1 a 1 em casa contra os argentinos do Racing no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores mais um machucado: o atacante Eder deixou o gramado na metade do primeiro tempo também com uma contusão muscular e deu lugar a Vitor Bueno. Isso sem contar outros que já se machucaram e demoraram a voltar como Luan e Daniel Alves, por exemplo.

Na entrevista coletiva após o resultado ruim em casa, o técnico Crespo ainda falou sobre a condição ruim do melhor jogador do time, o meia Benítez. “Martin está passando por momento difícil fisicamente. Então vamos ter muita atenção nesse ponto”. Nem vou citar lesão por lesão do ano aqui. Todo mundo que acompanha futebol sabe que são várias e nenhuma satisfação ao torcedor. Alguma coisa está errada? O Refis não é mais o mesmo? Está desatualizado? Diagnósticos mal feitos? Não sei, mas repito: alguém desse departamento médico tem que se pronunciar.

PRAZOS

Só um adendo ao texto. O São Paulo FC não divulga prazos de recuperação para nenhum atleta contundido, seja lá qual for o tipo de problema que ele tenha. É outra situação que ninguém explica, mas trata-se de uma postura adotada pelo São Paulo Futebol Clube desde o longínquo ano de 2011, quando o departamento médico Tricolor passou vergonha com as frustradas tentativas de colocar em campo o atacante Luís Fabiano, então recém-trazido de volta da Espanha.

Isso é assunto para outro texto. Mas posso contar a história em breve, caso o querido amigo são-paulino deseje.

Um abraço!!!

sábado, 4 de maio de 2019

FALCÃO SOBRE LIBERTADORES 2005: "ESTÁ NO MEU CURRÍCULO"

Por Rafael Rossi

Falcão em Rio Preto: Show!!!
Olá amigos tricolores!


Ele é o Rei do Futsal. O melhor de todos os tempos. Já foi eleito o melhor do mundo por quatro vezes pela FIFA. Ele já se “cansou” de marcar gols, ganhar títulos e fazer jogadas espetaculares e inimagináveis. Atualmente viaja o Brasil e o mundo fazendo partidas de exibição e é até youtuber. Mas esse ex-atleta também foi campeão da Taça Libertadores da América no futebol de campo. Estamos falando de Alessandro Rosa Vieira, mais conhecido como Falcão, 41 anos, o “Falcão 12” ou ainda o “Rei do Futsal” como descrito no início deste texto.

Na noite da última sexta-feira (3) Falcão esteve em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, numa dessas partidas-exibição. Eu fui um dos privilegiados que pude entrevistar a Majestade, tirar fotos (tietar, claro!) e mais: acompanhar o jogo de dentro da quadra! Estava ali, a um metro do craque em determinados momentos. Como falei em um dos meus stories no Instagram, “quando poderia sonhar com uma coisa dessas?” Vale ressaltar que Falcão não é Rei apenas pelo que fez em quadra. Muito simpático, educado e solícito, atendeu a todos, tanto jornalistas como fãs, com muita paciência e carinho.

Falcão nos braços dos fãs em Rio Preto




Na entrevista, que contou com a participação do amigo Fabiano Garutti da rádio Unirp de Rio Preto, que mais pareceu um bate papo com amigos, Falcão falou do apelido que merecidamente ostenta, Libertadores de 2005, Youtube, Neymar... Em uma das respostas ficou claro que o ex-jogador do São Paulo FC se sente campeão da Libertadores assim como os ex-companheiros (Falcão fez parte do elenco em 2005 e chegou a entrar em campo pela competição Sul Americana antes de pedir para deixar o clube já que o então treinador Emerson Leão lhe concedia poucas oportunidades) Acompanhe a seguir como foi a conversa com o maior jogador de futsal de todos os tempos:

Jornalismo Três Cores: Você é o Rei do Futsal. Fale um pouco desta alcunha que é muito merecida:


Falcão:
 É uma conquista né. São títulos, recordes, números. Geralmente a pessoa fala dos outros esportes ‘este é o melhor, aquele foi o melhor. Este tem três recordes, aquele tem dois’. Então no futsal eu procurei bater o maior número de recordes possíveis*. Acredito que isso torne indiscutível, principalmente em números. É como você falou, hoje virou “O Rei do Futsal”, ficou marcado. É uma marca minha, fico muito feliz. Mas é uma responsabilidade muito grande também. Mas foram 20 anos intensos de Seleção Brasileira para que isso acontecesse.




JTC: Eu li em algum lugar que o São Paulo fez ou lhe deu uma medalha da Libertadores de 2005. Isso é verdade, você recebeu essa medalha? E independente disso, você se sente campeão de 2005?

F:
 Eu joguei. Joguei até o início da segunda fase. O Marco Aurélio Cunha fez uma medalha para mim de campeão. Ou ele guardou uma [não teve certeza]. Não peguei. Não peguei por mim mesmo. Acabou esfriando, acabei deixando para depois e acabei não pegando. Mas fui Campeão Paulista, o último título Paulista do São Paulo e me sinto campeão da Libertadores sim. Participei da campanha. É como se fosse um jogador que se machucou ou jogador que ficou fora depois de uma certa etapa. Então está no meu currículo com certeza!

Falcão em campo pelo São Paulo em 2005

JTC: Você tem um canal no Youtube, o Falcão 12. Como é isso?

F:
 É uma novidade. Tem recebido uma aceitação muito grande. Acho que é até para atingir esse público jovem. Acredito que eu começar o Youtube quando eu ia parar de jogar, essa transição foi muito legal porque a molecada está no Youtube hoje. Então além de estar nos eventos pessoais, dentro e fora do Brasil, eu mesmo esse ano já fui há quatro países e ainda vou a mais seis. Mais de 40 cidades. Então isso deixa tudo bem cansativo. Por isso tiro uma tarde para gravar já para um mês e meio. E depois de um mês eu gravo de novo. Mas é uma plataforma diferente, acho que o atual momento pede que seja assim. Estou muito feliz com esse atual momento da minha vida. Tanto de ter parado de jogar consciente, do calendário, da agenda, estarem lotados, de poder rodar o Brasil e o mundo e cada vez mais as demandas aumentando. Então realmente senti que o momento que parei, foi o momento certo.

JTC: O que você achou da atitude do Neymar de socar um torcedor após a final da Copa da França?


F:
 Cara o Neymar é meu amigo particular e eu não falo mal dos meus amigos, entendeu? Claro que não é uma atitude certa, ele sabe disso. Ele é a primeira pessoa a saber disso. Todo mundo fala ‘que as atitudes dele não vão fazer com que ele seja o melhor do mundo’. Eu nuca o vi falar isso. Ele vive a vida dele, a idade dele. Então sempre vou defender meus amigos. A atitude é errada? É. E ele sabe disso, assim como o Daniel Alves colocou também. Então eu falar, você falar, todo mundo falar, vão ser apenas muitas pessoas a mais falando o que ele já é consciente. Então deixa a consciência dele pesar e como jogador, ele continua sendo um dos melhores um do mundo. 






* Maior artilheiro a vestir a camisa da seleção de qualquer esporte relacionado a futebol; maior artilheiro de Copas do Mundo; 401 gols com a Seleção Brasileira; 3 mil gols na carreira; 104 títulos na carreira, entre outros. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

ACORDA AGUIRRE!

Por Rafael Rossi


Molecada da base subiu recentemente ao profissional
Crédito da foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Olá amigos tricolores!



O técnico do São Paulo Diego Aguirre, em minha opinião, tem perdido chances de ouro - uma atrás da outra – de, ao mesmo tempo, fazer algo diferente pelo time e ainda por cima dar uma "satisfação" ao torcedor nessa fase ruim que o Tricolor atravessa. Acredito ser impossível na Barra Funda, jogadores, comissão técnica e diretoria, não saberem do clamor de muitos por mais oportunidades aos meninos da base. 

Grande parte, senão a maioria da torcida, quer ver mais moleques em campo. Estão cansados de atletas como Rodrigo Caio, Tréllez e Carneiro, por exemplo. Muitos exigem também Lucas Perri no gol. Pelo que se vê nas partidas da base, jogadores como Antony, Helinho e Igor Gomes tem muito mais talento e recursos técnicos que vários medalhões. Mas atualmente são preteridos pelo treinador. Isso só para citar os últimos três que subiram para o profissional recentemente.

Igor, Antony e Helinho ainda não estrearam no profissional



Crédito da foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Não entendo alçar esses meninos, publicar matéria no site oficial, vídeo na SPFC TV no youtube e nada de jogar. De que adianta??? Além de outros jogos, a partida deste final de semana contra o Atlético-PR, o xoxo empate sem gols foi mais uma oportunidade, mais uma chance daquelas de ouro, de sair da mesmice. Além, claro, de agradar milhares de são-paulinos no Brasil inteiro colocando os garotos de Cotia para jogar. Mas Helinho, por exemplo, relacionado, não saiu do banco.

Hoje, eu só não sou a favor, neste momento de maior pressão, de colocar o Perri no gol. Acho até injusto com o menino. Imagina se ele sai mal do gol, o São Paulo perde um jogo, uma posição na tabela ou pior ainda: uma vaga na Libertadores??? Perderíamos o garoto. Mas a partir de janeiro sou a favor sim! Perri tem que jogar o Paulista e as fases iniciais da Copa do Brasil. Pelo menos isso. Acorda Aguirre!!! 

Me siga no twitter: @RafaCedrall

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

“TORCEDOR SE EMPOLGOU”

Por Rafael Rossi

Arboleda comemora o gol de empate contra a Chape
Crédito da foto: Alex Silva/Estadão

Olá amigos tricolores!

Existem basicamente três tipos de torcedores: o torcedor organizado, que está em todos os jogos no estádio, sem exceção; o torcedor de arquibancada, aquele que é comum, muitas vezes vai ao Morumbi, mas não em todas as partidas e quase sempre com amigos, família ou mesmo alguma excursão e finalmente o torcedor das redes sociais, aquele que raramente vai ao estádio, mas ama o clube da mesma forma. Como jornalista e são-paulino é minha obrigação acompanhar as redes sociais. Este último tipo de torcedor tem se mostrado muito mais impaciente e passional do que os outros. 

A prova disso foi a partida contra a Chapecoense no Pacaembu na última quinta-feira (9). Após o empate em 2 a 2, quando o São Paulo chegou a ver o marcador apontar por 2 a 0 para o time de Santa Catarina, uma grande parte destes torcedores das redes sociais (atenção: uma grande parte, não todos) não perdoou. Críticas a alguns jogadores que não jogaram bem e ao técnico Dorival Junior voltaram após três vitórias seguidas. Foi o fim da calmaria que predominava devido a praticamente fuga do rebaixamento garantida.

O motivo? O time se distanciou um pouco da vaga na Libertadores. É preciso deixar bem claro que de dentro do São Paulo para fora, jamais foi falado em brigar por uma vaga na principal competição Sul Americana. No Tricolor, o discurso muito bem ensaiado há bastante tempo, é um só: chegar a 47 pontos e se livrar de vez do perigo de cair para a série B. E o que vier além (e se vier) é absolutamente lucro. O fanatismo de uma parte da turma das redes sociais levou esses torcedores a deixar de lado ou mesmo nem perceber um detalhe importante sobre o empate no Pacaembu: o resultado foi extremamente positivo. Principalmente pelas circunstâncias.

Sob a batuta capitão Hernanes, São Paulo e reagiu e empatou o jogo após 2 a 0 contra no placar
Crédito da foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Veja alguns itens que merecem destaque positivo sobre o 2 a 2 contra a Chape:

- O poder de reação da equipe de novo apareceu. Antes, era bem mais fácil levar o terceiro gol do que reagir assim;

- A reação veio sem o camisa 10 do time, o meia Cueva que, querendo ou não, faz muita falta;

- Tivemos um menino inexperiente, o volante Araruna, improvisado na lateral direita e que não foi bem. Mesmo assim empatamos;

- No lugar do peruano jogou outro menino inexperiente, o meia Shaylon, que também não foi bem. E o empate com uma grande reação ainda assim veio;

- Uma rodada a menos para acabar o Brasileirão e oito pontos de vantagem para a zona de rebaixamento. Mesmo empatando;

- Faltam apenas três pontos em 18 possíveis para o time conquistar o objetivo traçado.

Resumindo e finalizando, o campeonato do São Paulo nunca foi buscar uma vaga na Libertadores e sim lutar para evitar o rebaixamento. Triste, mas é a realidade. Claro que na rodada anterior, com os resultados, todo mundo “cresceu o olho” em direção a uma vaguinha na Liberta, mas isso iludiu muita gente. A mim não. E a você?

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

“O dia em que quase enfartei”

Por Rafael Rossi

Parada no posto Castelo de São Carlos
Crédito da Foto: Arquivo Pessoal

Olá amigos tricolores!

Você abdica do seu sábado à noite. Afinal, não sou mais nenhum menino. Com 18 eu “varava direto” como diria um amigo meu. Mas com 37 é melhor ficar em casa de boa. Mesmo assim você não dispensa um bom papo no whatsapp e as horas passam num piscar de olhos. Lá pras tantas da madrugada você se despede da galera porque tem que acordar cedo no domingo. Domingo, aliás, que se tratava de uma folga minha, ou seja, uma rara oportunidade de dormir até mais tarde. A maioria dos jogadores de futebol não sabe o que o torcedor passa para ficar 90 e poucos minutos ali torcendo nas arquibancadas.

Se os profissionais soubessem, o mínimo que eles teriam seria vergonha na cara e correriam feito loucos a cada segundo. As derrotas até aconteceriam, mas só a custo de sangue. Voltando, no domingo o relógio despertou às 6h da madrugada (pra mim pelo menos é madrugada). O motivo? Excursão para o Morumbi! São Paulo e Sport se enfrentariam às 16h. Mas como moro em Cedral (ao lado de São José do Rio Preto, interior paulista) só saindo muito cedo porque são cerca de 450km até a capital. Por volta de 7h35 já estava sob o pontilhão esperando o ônibus, que partiria de Rio Preto.

Perto das 8h embarquei, já fiz novos amigos. Realmente eu falo pelos cotovelos. Mas, no fim das contas, melhor do que ficar calado. Uma parada em Catanduva e o micro-ônibus lotou. Aí para os gordinhos como eu complica. Pouco espaço para mexer as pernas, medo de incomodar quem está ao lado. Que aliás, sempre é um magrinho (ainda bem!). Para amenizar, foram muitas as paradas para esticar as pernas e, claro, o famoso xixi. Chegamos ao Morumbi por volta de 15h15 da tarde. Um mar tricolor era o que se via do lado de fora do estádio pelas ruas que circundam o palco do sofrimento que viria a seguir.

Na arquibancada do Morumbi: selfie antes da bola rolar
Crédito da Foto: Arquivo Pessoal

Entrei no Morumbi e o locutor no sistema de som anunciou o hino nacional. A fila para ser revistado e entrar era enorme, daí o “atraso”. Os times já estavam perfilados. Mas ainda deu tempo pra tirar a famosa selfie e de fazer dois novos amigos da capital, trocar whats, facebook, etc, e até deixar meio que combinado uma cervejinha no futuro. O Tricolor estreou a nova terceira camisa de cor preta. Mas os calções e meias vinho proporcionaram uma combinação bizarra e totalmente distante das tradições do Clube da Fé. Será que era muito difícil colocar tudo preto de uma vez? Deixa pra lá. Esse fardamento, que me lembrou mais um time da sexta divisão da Inglaterra do que o SPFC, mereceria um post à parte.

Bola rolando e o primeiro tempo já não foi muito bom. Time parecia ter almoçado feijoada ou ter ficado conversando no whatsapp como eu até de madrugada. As exceções, pra mim, foram Sidão, Rodrigo Caio, Marcos Guilherme e Lucas Pratto. Pelo menos surgiu o gol do jogo, muito mais por méritos de Hernanes, que ganhou uma bola no chão com muita raça e sorte de Edimar que jogou na área e só torceu, mas viu a zaga pernambucana se atrapalhar, do que por méritos do São Paulo. Marcos Guilherme pegou a sobra e abriu o placar aos 35 minutos. O Morumbi explodiu. Mas o que parecia que não poderia piorar piorou. E bastante. Na etapa final durante quase todos os 50 minutos parecia que estávamos na Ilha do Retiro em Recife e não no Cícero Pompeu de Toledo, na capital paulista.

O São Paulo durante o segundo tempo marcou com os 11 jogadores atrás da linha divisória, atraindo o Sport para dentro do próprio campo, buscando um contra-ataque para matar o jogo. Não bastasse isso, o time comandado por Vanderlei Luxemburgo tocava tranquilamente a bola e se aproximava com perigo da meta são-paulina. Um único mísero chute em todo o segundo tempo foi o que o São Paulo fez. Desnecessário. Não precisava do sufoco que foi o finalzinho com dois milagres feitos pelo arqueiro Tricolor, que salvou o resultado, a saída da zona de rebaixamento, a semana, o mês, tudo.

Em campo vitória magra, sufoco e um uniforme bizarro
Crédito da Foto: Marcos Ríbolli/Globoesporte.com

Lucas Fernandes deve sair urgente do time. Jogamos em 10. Cueva, sempre ele, precisa se dedicar mais, além de parar de ser substituído por “cansaço” todo jogo. Ainda demos azar de presenciar Hernanes e Petros em uma tarde não inspirada. Apagados, erraram quase tudo que tentaram. Dorival Junior “pede” pra ser criticado quando, por exemplo, coloca em campo a interrogação Jonatan Gomez e não a certeza Jucilei. Quando dá chance ao inconstante Marcinho e não a Maicosuel, por exemplo, que se não tem ainda um primor físico, pelo menos possui mais capacidade técnica.

Finalmente explicando o título desse post, quando Sidão salva a cabeçada a queima roupa aos 50 minutos do segundo tempo, o árbitro apita o final do jogo na sequência e a torcida comemora mais que o gol, me sento na arquibancada. Olho para o céu, penso nas horas e horas sem se alimentar direito (comendo porcarias), na dor nas pernas, nas cãibras, no dia todo sem escovar os dentes, nas mais de seis horas da viagem de volta e respiro fundo. O ar nem vem direito. Lágrimas correm. Pensava “passar por tudo isso para ver esses caras andarem em campo assim não faz sentido”. Se tirar o sentimento realmente não faz. Mas como diz o velho clichê “não é só futebol”. E não é mesmo.

Não morri de enfarte neste domingo, dia 1 de outubro de 2017, não morro mais. De enfarte não. Por isso que eu repito: se esses caras soubessem o que passa o torcedor por causa deles, só para ver um jogo, o mínimo que fariam era “se matar” em campo toda partida, todos os minutos, os segundos, a cada jogada. O São Paulo do jogo contra o Corinthians não cai para a série B. Este, principalmente o do segundo tempo do confronto diante do Sport, não sei. Tenho dúvidas.