Defesa do São Paulo foi uma das mais vazadas no Campeonato Paulista.
Crédito da Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press
Lamento muito pela atitude do técnico Rogério Ceni e de alguns companheiros de Rodrigo que o retaliaram e o cobraram por fazer algo digno, que excede ao futebol. Rodrigo Caio fez o certo. Sim, foi um ato isolado e dificilmente vai acontecer de novo. E concordo com os que dizem que não vai mudar o futebol em nada. Mas ele continua certo como homem, como ser humano, muito mais certo ainda como esportista. Mas culpar o rapaz por fazer diferente, por fazer o correto, me desculpe, não me entra na cabeça. Onde está aquele São Paulo sempre tão superior, tão mais culto, mais inteligente se quando um jogador dele o faz realmente ser assim, é tratado como um traíra? Antes de ser atleta, jornalista, engenheiro, etc, todos somos seres humanos. Parabéns para sempre ao Rodrigo Caio.
Outra coisa inacreditável é o defensor carregar sozinho o fardo pela queda no Paulistão. Isso é, no mínimo, um ato de injustiça. É fugir da realidade. “Ah, mas ele possibilitou o Jô jogar e fazer o gol”. Poxa vida, ninguém mais no Corinthians poderia fazer um gol na nossa defesa tão vazada no ano todo? Conversa. Primeiro: se trata de um esporte coletivo. Segundo: sintetizando a análise apenas aos 180 minutos contra o time de Itaquera, algumas observações são necessárias. Cueva (condições físicas à parte) não foi decisivo, não fez absolutamente nada. Precisa tomar cuidado para não ser taxado como pipoqueiro. Junior Tavares não foi aquele lateral que nos acostumamos a ver ao longo da temporada. Luiz Araújo encontrou o amor da vida dele e se esqueceu de como joga bola. Jogadores como Wesley, Cícero e Neilton jogando no São Paulo é algo inexplicável (apesar do último não ter enfrentado o time branco e preto). O time perdeu em casa, não marcou gol e ficou faltando mais três gols neste domingo. Ou mais dois para a decisão ir para os pênaltis. Culpa do Rodrigo Caio? Ridículo.
Rodrigo é diferenciado e honesto. Devíamos exaltar que o ato veio de um Tricolor. Imagina se vem de onde a imprensa já fala que é maior, que é melhor etc... Seria insuportável! E outra coisa: honestidade cabe sempre em todos os lugares. Nunca vai deixar de caber. Futebol e mais nada pode ficar acima da consciência de uma pessoa. A verdade é que o “fair play” não representou nem 10% desta eliminação. Os erros começaram na temporada passada. Para não dizer que foi antes. Insistir com Dênis no gol. Primeiro erro. Dos que estão lá sou mais o Renan Ribeiro. Mas ele só terá paz até o primeiro erro grave. O São Paulo com ou sem Rogério Ceni deveria ter contratado alguém que fosse inquestionável. Não o fez.
Outro erro foi a lateral esquerda. No São Paulo só existe Junior Tavares. E foi por acaso. Porque ele foi bem no time sub-20 e porque a diretoria dispensou todos os outros: Mena, Matheus Reis, Carlinhos, Reinaldo e até Cortez. Veio o desconhecido Edimar emprestado de graça pelo Cruzeiro no fim do semestre e ainda nem estreou. Não conta. Que planejamento é esse? Ok, a cúpula negociava com Dener da Chapecoense e infelizmente ele perdeu a vida no acidente no fim de 2016. Mas não tem plano B? O São Paulo tinha a prioridade na contratação do bom Renê, do Sport. O time pernambucano chegou a notificar os dirigentes tricolores sobre a proposta do Flamengo, mas o São Paulo deu de ombros e nem sequer tentou contratá-lo. Porque tinha que gastar, claro. E Renê foi para a Gávea.
O São Paulo emprestou Hudson de graça ao Cruzeiro em troca de Neilton. Não vou falar de Neilton. Todo mundo sabe o que aconteceu. Hudson nunca foi unanimidade. Isso é uma verdade. Porém, para aqueles que a memória trai, o negócio com os mineiros foi feito no momento em que o São Paulo ainda não tinha Jucilei e Wellington sequer havia sido inscrito para nenhuma competição e poderia sair também. Quem marca nesse meio campo? João Shimidt? Cueva? Thiago Mendes? Cícero? Nenhum deles é pegador como Jucieli ou o próprio Hudson. Totalmente sem nexo essa negociação. Ainda mais pelo momento.
Para finalizar, as duas eliminações (Copa do Brasil e Paulista) ocorreram em casa, quando, se somadas as duas partidas, o São Paulo tomou 4 gols de Cruzeiro e Corinthians e não fez nenhum. Os resultados fora de casa provam que com aquele algo a mais no Morumbi, poderíamos estar comemorando agora ao invés de discutindo a honestidade do Rodrigo Caio ou mesmo se o planejamento foi bem feito ou não. Ainda resta a Sul Americana. E vem aí o Brasileirão. Acredito que ainda precisamos de um zagueiro (pelo menos) dos bons e não aposta, dois volantes marcadores (porque só o Jucilei não dá), mais um meia e mais um lateral direito. É “chover no molhado”, mas no Brasileirão tem que ter elenco grande.
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