sexta-feira, 10 de novembro de 2017

“TORCEDOR SE EMPOLGOU”

Por Rafael Rossi

Arboleda comemora o gol de empate contra a Chape
Crédito da foto: Alex Silva/Estadão

Olá amigos tricolores!

Existem basicamente três tipos de torcedores: o torcedor organizado, que está em todos os jogos no estádio, sem exceção; o torcedor de arquibancada, aquele que é comum, muitas vezes vai ao Morumbi, mas não em todas as partidas e quase sempre com amigos, família ou mesmo alguma excursão e finalmente o torcedor das redes sociais, aquele que raramente vai ao estádio, mas ama o clube da mesma forma. Como jornalista e são-paulino é minha obrigação acompanhar as redes sociais. Este último tipo de torcedor tem se mostrado muito mais impaciente e passional do que os outros. 

A prova disso foi a partida contra a Chapecoense no Pacaembu na última quinta-feira (9). Após o empate em 2 a 2, quando o São Paulo chegou a ver o marcador apontar por 2 a 0 para o time de Santa Catarina, uma grande parte destes torcedores das redes sociais (atenção: uma grande parte, não todos) não perdoou. Críticas a alguns jogadores que não jogaram bem e ao técnico Dorival Junior voltaram após três vitórias seguidas. Foi o fim da calmaria que predominava devido a praticamente fuga do rebaixamento garantida.

O motivo? O time se distanciou um pouco da vaga na Libertadores. É preciso deixar bem claro que de dentro do São Paulo para fora, jamais foi falado em brigar por uma vaga na principal competição Sul Americana. No Tricolor, o discurso muito bem ensaiado há bastante tempo, é um só: chegar a 47 pontos e se livrar de vez do perigo de cair para a série B. E o que vier além (e se vier) é absolutamente lucro. O fanatismo de uma parte da turma das redes sociais levou esses torcedores a deixar de lado ou mesmo nem perceber um detalhe importante sobre o empate no Pacaembu: o resultado foi extremamente positivo. Principalmente pelas circunstâncias.

Sob a batuta capitão Hernanes, São Paulo e reagiu e empatou o jogo após 2 a 0 contra no placar
Crédito da foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Veja alguns itens que merecem destaque positivo sobre o 2 a 2 contra a Chape:

- O poder de reação da equipe de novo apareceu. Antes, era bem mais fácil levar o terceiro gol do que reagir assim;

- A reação veio sem o camisa 10 do time, o meia Cueva que, querendo ou não, faz muita falta;

- Tivemos um menino inexperiente, o volante Araruna, improvisado na lateral direita e que não foi bem. Mesmo assim empatamos;

- No lugar do peruano jogou outro menino inexperiente, o meia Shaylon, que também não foi bem. E o empate com uma grande reação ainda assim veio;

- Uma rodada a menos para acabar o Brasileirão e oito pontos de vantagem para a zona de rebaixamento. Mesmo empatando;

- Faltam apenas três pontos em 18 possíveis para o time conquistar o objetivo traçado.

Resumindo e finalizando, o campeonato do São Paulo nunca foi buscar uma vaga na Libertadores e sim lutar para evitar o rebaixamento. Triste, mas é a realidade. Claro que na rodada anterior, com os resultados, todo mundo “cresceu o olho” em direção a uma vaguinha na Liberta, mas isso iludiu muita gente. A mim não. E a você?

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

“O dia em que quase enfartei”

Por Rafael Rossi

Parada no posto Castelo de São Carlos
Crédito da Foto: Arquivo Pessoal

Olá amigos tricolores!

Você abdica do seu sábado à noite. Afinal, não sou mais nenhum menino. Com 18 eu “varava direto” como diria um amigo meu. Mas com 37 é melhor ficar em casa de boa. Mesmo assim você não dispensa um bom papo no whatsapp e as horas passam num piscar de olhos. Lá pras tantas da madrugada você se despede da galera porque tem que acordar cedo no domingo. Domingo, aliás, que se tratava de uma folga minha, ou seja, uma rara oportunidade de dormir até mais tarde. A maioria dos jogadores de futebol não sabe o que o torcedor passa para ficar 90 e poucos minutos ali torcendo nas arquibancadas.

Se os profissionais soubessem, o mínimo que eles teriam seria vergonha na cara e correriam feito loucos a cada segundo. As derrotas até aconteceriam, mas só a custo de sangue. Voltando, no domingo o relógio despertou às 6h da madrugada (pra mim pelo menos é madrugada). O motivo? Excursão para o Morumbi! São Paulo e Sport se enfrentariam às 16h. Mas como moro em Cedral (ao lado de São José do Rio Preto, interior paulista) só saindo muito cedo porque são cerca de 450km até a capital. Por volta de 7h35 já estava sob o pontilhão esperando o ônibus, que partiria de Rio Preto.

Perto das 8h embarquei, já fiz novos amigos. Realmente eu falo pelos cotovelos. Mas, no fim das contas, melhor do que ficar calado. Uma parada em Catanduva e o micro-ônibus lotou. Aí para os gordinhos como eu complica. Pouco espaço para mexer as pernas, medo de incomodar quem está ao lado. Que aliás, sempre é um magrinho (ainda bem!). Para amenizar, foram muitas as paradas para esticar as pernas e, claro, o famoso xixi. Chegamos ao Morumbi por volta de 15h15 da tarde. Um mar tricolor era o que se via do lado de fora do estádio pelas ruas que circundam o palco do sofrimento que viria a seguir.

Na arquibancada do Morumbi: selfie antes da bola rolar
Crédito da Foto: Arquivo Pessoal

Entrei no Morumbi e o locutor no sistema de som anunciou o hino nacional. A fila para ser revistado e entrar era enorme, daí o “atraso”. Os times já estavam perfilados. Mas ainda deu tempo pra tirar a famosa selfie e de fazer dois novos amigos da capital, trocar whats, facebook, etc, e até deixar meio que combinado uma cervejinha no futuro. O Tricolor estreou a nova terceira camisa de cor preta. Mas os calções e meias vinho proporcionaram uma combinação bizarra e totalmente distante das tradições do Clube da Fé. Será que era muito difícil colocar tudo preto de uma vez? Deixa pra lá. Esse fardamento, que me lembrou mais um time da sexta divisão da Inglaterra do que o SPFC, mereceria um post à parte.

Bola rolando e o primeiro tempo já não foi muito bom. Time parecia ter almoçado feijoada ou ter ficado conversando no whatsapp como eu até de madrugada. As exceções, pra mim, foram Sidão, Rodrigo Caio, Marcos Guilherme e Lucas Pratto. Pelo menos surgiu o gol do jogo, muito mais por méritos de Hernanes, que ganhou uma bola no chão com muita raça e sorte de Edimar que jogou na área e só torceu, mas viu a zaga pernambucana se atrapalhar, do que por méritos do São Paulo. Marcos Guilherme pegou a sobra e abriu o placar aos 35 minutos. O Morumbi explodiu. Mas o que parecia que não poderia piorar piorou. E bastante. Na etapa final durante quase todos os 50 minutos parecia que estávamos na Ilha do Retiro em Recife e não no Cícero Pompeu de Toledo, na capital paulista.

O São Paulo durante o segundo tempo marcou com os 11 jogadores atrás da linha divisória, atraindo o Sport para dentro do próprio campo, buscando um contra-ataque para matar o jogo. Não bastasse isso, o time comandado por Vanderlei Luxemburgo tocava tranquilamente a bola e se aproximava com perigo da meta são-paulina. Um único mísero chute em todo o segundo tempo foi o que o São Paulo fez. Desnecessário. Não precisava do sufoco que foi o finalzinho com dois milagres feitos pelo arqueiro Tricolor, que salvou o resultado, a saída da zona de rebaixamento, a semana, o mês, tudo.

Em campo vitória magra, sufoco e um uniforme bizarro
Crédito da Foto: Marcos Ríbolli/Globoesporte.com

Lucas Fernandes deve sair urgente do time. Jogamos em 10. Cueva, sempre ele, precisa se dedicar mais, além de parar de ser substituído por “cansaço” todo jogo. Ainda demos azar de presenciar Hernanes e Petros em uma tarde não inspirada. Apagados, erraram quase tudo que tentaram. Dorival Junior “pede” pra ser criticado quando, por exemplo, coloca em campo a interrogação Jonatan Gomez e não a certeza Jucilei. Quando dá chance ao inconstante Marcinho e não a Maicosuel, por exemplo, que se não tem ainda um primor físico, pelo menos possui mais capacidade técnica.

Finalmente explicando o título desse post, quando Sidão salva a cabeçada a queima roupa aos 50 minutos do segundo tempo, o árbitro apita o final do jogo na sequência e a torcida comemora mais que o gol, me sento na arquibancada. Olho para o céu, penso nas horas e horas sem se alimentar direito (comendo porcarias), na dor nas pernas, nas cãibras, no dia todo sem escovar os dentes, nas mais de seis horas da viagem de volta e respiro fundo. O ar nem vem direito. Lágrimas correm. Pensava “passar por tudo isso para ver esses caras andarem em campo assim não faz sentido”. Se tirar o sentimento realmente não faz. Mas como diz o velho clichê “não é só futebol”. E não é mesmo.

Não morri de enfarte neste domingo, dia 1 de outubro de 2017, não morro mais. De enfarte não. Por isso que eu repito: se esses caras soubessem o que passa o torcedor por causa deles, só para ver um jogo, o mínimo que fariam era “se matar” em campo toda partida, todos os minutos, os segundos, a cada jogada. O São Paulo do jogo contra o Corinthians não cai para a série B. Este, principalmente o do segundo tempo do confronto diante do Sport, não sei. Tenho dúvidas.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

“LOUCURA QUE VALE À PENA”

Por Rafael Rossi


Rio-pretenses vão encarar muitas horas dentro do ônibus

Crédito das Fotos: Arquivo Pessoal

Olá amigos tricolores!

Imagine o seu time caindo pelas tabelas, impregnado na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro há mais de 10 rodadas, oscilando, escalação indefinida, elenco todo alterado e no comando já o segundo técnico na competição. Aí tem um clássico em um domingo as 11h da manhã contra um dos maiores rivais e você mora há quase 450km de distância, tem que trabalhar na segunda-feira etc e tal. Fica em casa certo? Liga a TV ou o computador, abre aquela cervejinha e está tudo certo, não é mesmo? Para 90 torcedores de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, não.

Eles pagaram uma excursão e decidiram se unir à massa da capital para lotar o Morumbi e ajudar de alguma forma o São Paulo não ser rebaixado para a série B. Roberto Oliveira Junior, engenheiro elétrico, 30 anos, um dos responsáveis pela “aventura” ou “loucura”, afirma que os rio-pretenses incorporaram o espírito dos paulistanos e também abraçaram a causa. "Ano passado quando o São Paulo estava em uma situação melhor, disputando a Libertadores, a torcida não tinha abraçado, pelo menos não a do interior. Não tinha abraçado como abraçou agora nesse momento difícil. Acho que eles não querem perder esse trunfo do São Paulo de nunca ter caído”, conta.


"Tour Tricolor Rio Preto" vai desta vez com público recorde para o Morumbi: 90 pessoas


Para comprovar a tese, o engenheiro tricolor fez questão de frisar que nos cinco anos em que organiza esse tipo de excursão nunca havia fechado com tanta gente. Dois ônibus ou 90 pessoas é um público inédito. Pelo Tricolor tudo vale à pena segundo ele. “A gente sai de Rio Preto com 90 [pessoas], tem 60 que nunca foi no Morumbi. Então tem a expectativa das pessoas. Eles vão curtindo a viagem e no retorno, mesmo que for com uma derrota, só de ter ido ao Morumbi, ter visto seus ídolos de perto, a torcida fazendo aquela festa, vale a pena sim”, confirma.

O grupo de rio-pretenses deve iniciar a viagem por volta de 2h da madrugada de domingo e chegar à capital paulista no início da manhã. O itinerário prevê recepcionar o time na chegada ao Morumbi, assistir a partida e pegar a estrada novamente cerca de uma hora após o final do clássico. Júnior fez questão de demonstrar confiança em dois detalhes: o São Paulo não será rebaixado: “Não cai, não cai. Isso daí eu cravo. Com esse elenco... Não temos elenco ruim e do jeito que a torcida está lotando o Morumbi não tem como”. E vence o Majestoso: “Eu chuto um placar 2 a 0 para o São Paulo. Se o juiz não interferir, claro. Porque contra eles tem muito disso. Um gol do Pratto e um do Hernanes de falta. Se Deus quiser!”, encerra. Se eles voltarão tristes ou felizes, só resta esperar o resultado em campo.


Galera assiste mais um jogo do São Paulo no estádio do Morumbi

segunda-feira, 26 de junho de 2017

DECISÃO ACERTADA...

Por Rafael Rossi

              Lugano fica no São Paulo até 31 de dezembro de 2017
              Crédito da Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Olá amigos tricolores!

“Diós” Lugano fica no São Paulo até 31 de dezembro. O presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, confirmou nesta segunda-feira (26) que o beque uruguaio aceitou a proposta feita pela diretoria. Lugano está no Uruguai resolvendo assuntos pessoais e volta ao Brasil nesta terça para assinar o novo vínculo. Segundo o site ESPN.com.br houve uma redução salarial. O atleta ainda tem a opção de aceitar um jogo de despedida ou não. Mas como não pretende se aposentar ao fim desta temporada já mandou avisar que este jogo só vai acontecer quando parar de vez.


Pra mim, a decisão foi correta para todos os lados, apesar da forma humilhante que a diretoria conduziu a negociação. Lugano pode encerrar a temporada e não sair em meio a uma competição, pode manter os filhos estudando na capital paulista e não precisa pensar em mudança por enquanto. Para o São Paulo vale a manutenção de um ídolo da torcida no elenco. O atleta seguirá contribuindo em campo ou fora dele, seja no vestiário ou dando dicas para os mais novos. O elenco e até o técnico Rogério Ceni já haviam se manifestado a favor da permanência. Já para o torcedor, nem é preciso falar nada. A maioria sempre aprovou a renovação.  Enfim, final feliz para todo mundo.


Fato é que a diretoria do São Paulo passou a impressão de que faria de tudo para irritar o jogador até que ele se negasse a continuar. Nos bastidores, Lugano confessou não ter gostado da forma com que a situação toda foi conduzida. Também nos bastidores, o beque campeão Paulista, da Libertadores e Mundial em 2005,  sempre teria dito que “dinheiro não seria o problema”. Fato é que ele tinha todo o direito de agradecer e partir após ser tratado com tamanha indiferença. Mas, ao aceitar a redução salarial mostrou novamente o amor que sente pelo clube e o respeito que tem por essa camisa pesada.


Porém, fato é que foram os resultados ruins em campo, a pressão da torcida, críticas da mídia e o apoio de companheiros de clube e do técnico Rogério Ceni que mudaram a cabeça do presidente Leco. Nas poucas vezes em que jogou na atual temporada, Lugano foi um dos que menos errou. Ele não perdeu um treino sequer e não visitou o departamento médico. Talvez o veterano não seja a primeira opção atualmente, já que não possui o mesmo vigor de outrora. Mas as partidas contra o Atlético-PR e o Fluminense acabaram com alguns mitos em torno do atleta: a velha história de que ele não aguenta o ritmo das partidas devido a problemas físicos e a idade e que não pode atuar no esquema com apenas dois zagueiros. 

Zagueiro não esteve no Departamento Médico em 2017
     Crédito da Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net


O empresário do jogador, Juan Figer, declarou ao Globoesporte.com: “Chegamos a um acordo. Em princípio, fica até 31 de dezembro. O jogador necessita terminar sua vinculação com o São Paulo não no meio do campeonato, em um momento difícil que o clube atravessa, mas sim no fim. Mais do que ser aproveitado constantemente, tem liderança dentro e fora de campo”. Nada a acrescentar. É o que eu sempre pensei. Acredito que a raça, a determinação e a dedicação de Lugano serão fundamentais para o Tricolor, primeiro evitar o temível rebaixamento e depois buscar voos mais altos. Resta torcer agora que o São Paulo se recupere. E se for para Lugano partir em 2018, que vá feliz, assim como os torcedores estarariam neste cenário mais otimista...

sexta-feira, 23 de junho de 2017

DEMITIR NÃO RESOLVE...

Por Rafael Rossi


     Rogério Ceni é contestado por uma parte da torcida
Crédito da Foto: Martin Acosta/Reuters

Olá amigos tricolores!

A bola da vez é Rogério Ceni. M1ito como goleiro, contestado como treinador após três eliminações e um início ruim de Brasileirão. E as críticas só aumentaram após a derrota em Curitiba para o Atlético Paranaense. Agora, a pergunta que eu faço é: adianta demitir o comandante no início do Campeonato Brasileiro? A pergunta fica ainda mais relevante se levar em conta que meio time foi vendido, afastado, emprestado... Um novo treinador teria que recomeçar o que já foi recomeçado em uma competição que, digamos, não é nada saudável usar este tipo de “saída”.

Rogério Ceni está começando, aprendendo e por isso tem seus erros, como qualquer um de nós. Deveria ter começado na base? Estudado mais, se preparado mais? São boas perguntas. Mas é perda de tempo discutir isso já que a realidade é essa: ele assumiu e está lá trabalhando. Do que adianta chegar a conclusão que ele não deveria ter começado no time profissional, de que deveria ter feito mais cursos? Vamos a alguns fatos: a última vez que o São Paulo ganhou em Curitiba do Atlético foi em 1982 (eu tinha 2 anos, hoje estou com 37). Significa dizer que nem ele (que fez o 1º jogo como técnico lá na quarta-feira) e nem outros monstros que treinaram o SP conseguiram. Isso não diminui Rogério Ceni de forma alguma.


Fato é que a grande maioria da torcida nunca está contente. Só pra citar alguns exemplos, Cilinho, que criou um time histórico, os “Menudos do Morumbi”, que “jogavam por música” na década de 80, foi chamado de ultrapassado e de maluco muitas vezes, mas ganhou o Paulista em 1985 e 1987. Telê Santana é e sempre será unanimidade. Mas, mesmo no tempo dele houve críticos. A sorte do Mestre é que não haviam as famigeradas redes sociais. Mas Telê como a maioria sabe foi o melhor treinador que o São Paulo FC e o Brasil já tiveram.


     Nenhum treinador na história do SP venceu na Arena da Baixada
Crédito da Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

O time campeão da Libertadores e Mundial de 2005 passou por Cuca (que na época do SP não tinha estabilidade emocional e não ganhava títulos), Leão (teimoso, outro ultrapassado, que não escalava Falcão e Luisão), mas ganhou o Paulista (aliás, nosso último estadual, saudade até do tempo que ganhávamos um “Paulistinha”), e Paulo Autuori (chamado de fantoche, acusado de não saber escalar, de pegar um time pronto etc), mas ganhou a Libertadores e Mundial e foi muito elogiado pelo próprio M1to. Muricy Ramalho ganhou muitos títulos, ajudou o São Paulo a se livrar do rebaixamento em 2013, mas perdeu 4 Libertadores seguidas (por isso não ganhava mata-mata, era teimoso e o time jogava feio, com chuveirinho, o famoso “Murcybol”)...

Veja bem, não estou dizendo que as críticas eram mentirosas. Aliás, pelo contrário, a maioria procede. Mas o fato é que na história sempre houve e sempre haverá situações que podem ser melhoradas, teimosias, etc, que serão criticadas, contestadas... Neste time atual por exemplo, detesto Cícero como titular. Não entendo a escalação deste rapaz que não marca, não arma e apenas toca de lado. Homem de confiança e pedido de Rogério Ceni para a diretoria.


Mas agora, sejamos realistas, se o time cair, será culpa do técnico? Será culpa do Cícero no meio de campo ou do fraco Wellington Nem no ataque? Sério que alguém acredita mesmo que os times grandes que caíram recentemente caíram por causa de beques ruins, meio campistas ineficientes ou atacantes pernas de pau? Sério? Times caem por uma série de fatores. Daria para fazer uma lista enorme deles. Mas um dos fatores principais é ficar trocando de técnico!


Você pode achar o Ceni ruim ou bom. Ponto. Agora acreditar que tirá-lo vai melhorar o São Paulo é um pensamento muito simplório. Tem muita coisa errada na "Wonderland" Tricolor para falar em trocar de treinador. Isso não significa ser cego. Cícero não dá. Wellington Nem não dá. A falta de oportunidades ao Gilberto e ao Lugano pra mim é grave erro. Mas nem tudo está errado. A partida em Curitiba não foi ruim, reforços estão chegando. Existe uma luz no fim do túnel. Fato é que a grande maioria nunca vai ficar contente...

domingo, 23 de abril de 2017

RODRIGO CAIO SEM CLIMA...

Por Rafael Rossi


Rodrigo Caio pode estar com os dias contados no São Paulo... Por ser honesto...


Crédito da Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Olá amigos tricolores!


Infelizmente acabou o clima para Rodrigo Caio no São Paulo. É bom ressaltar que o motivo disso tudo é algo que chega a ser surreal. Tudo porque ele foi honesto em um clássico contra o Corinthians. E o time perdeu. E neste domingo foi eliminado do Campeonato Paulista. E no meio de semana, o zagueiro que passou a vida toda praticamente no São Paulo errou em um lance bizarro que provavelmente decretou a eliminação da Copa do Brasil. Alguns podem pensar que é um exagero, mas tirando alguns desacertos em algumas negociações, por várias vezes Rodrigo Caio ficou no Morumbi ao invés de sair. Mas aposto que na próxima proposta vantajosa ele vai querer ir embora e o São Paulo fará questão de negociá-lo para fazer média com quem o crucificou por ser honesto. 
Defesa do São Paulo foi uma das mais vazadas no Campeonato Paulista.


Crédito da Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Lamento muito pela atitude do técnico Rogério Ceni e de alguns companheiros de Rodrigo que o retaliaram e o cobraram por fazer algo digno, que excede ao futebol. Rodrigo Caio fez o certo. Sim, foi um ato isolado e dificilmente vai acontecer de novo. E concordo com os que dizem que não vai mudar o futebol em nada. Mas ele continua certo como homem, como ser humano, muito mais certo ainda como esportista. Mas culpar o rapaz por fazer diferente, por fazer o correto, me desculpe, não me entra na cabeça. Onde está aquele São Paulo sempre tão superior, tão mais culto, mais inteligente se quando um jogador dele o faz realmente ser assim, é tratado como um traíra? Antes de ser atleta, jornalista, engenheiro, etc, todos somos seres humanos. Parabéns para sempre ao Rodrigo Caio.

Outra coisa inacreditável é o defensor carregar sozinho o fardo pela queda no Paulistão. Isso é, no mínimo, um ato de injustiça. É fugir da realidade. “Ah, mas ele possibilitou o Jô jogar e fazer o gol”. Poxa vida, ninguém mais no Corinthians poderia fazer um gol na nossa defesa tão vazada no ano todo? Conversa.  Primeiro: se trata de um esporte coletivo. Segundo: sintetizando a análise apenas aos 180 minutos contra o time de Itaquera, algumas observações são necessárias. Cueva (condições físicas à parte) não foi decisivo, não fez absolutamente nada. Precisa tomar cuidado para não ser taxado como pipoqueiro. Junior Tavares não foi aquele lateral que nos acostumamos a ver ao longo da temporada. Luiz Araújo encontrou o amor da vida dele e se esqueceu de como joga bola. Jogadores como Wesley, Cícero e Neilton jogando no São Paulo é algo inexplicável (apesar do último não ter enfrentado o time branco e preto). O time perdeu em casa, não marcou gol e ficou faltando mais três gols neste domingo. Ou mais dois para a decisão ir para os pênaltis. Culpa do Rodrigo Caio? Ridículo.

Rodrigo é diferenciado e honesto. Devíamos exaltar que o ato veio de um Tricolor. Imagina se vem de onde a imprensa já fala que é maior, que é melhor etc... Seria insuportável! E outra coisa: honestidade cabe sempre em todos os lugares. Nunca vai deixar de caber. Futebol e mais nada pode ficar acima da consciência de uma pessoa. A verdade é que o “fair play” não representou nem 10% desta eliminação. Os erros começaram na temporada passada. Para não dizer que foi antes. Insistir com Dênis no gol. Primeiro erro. Dos que estão lá sou mais o Renan Ribeiro. Mas ele só terá paz até o primeiro erro grave. O São Paulo com ou sem Rogério Ceni deveria ter contratado alguém que fosse inquestionável. Não o fez.

Outro erro foi a lateral esquerda. No São Paulo só existe Junior Tavares. E foi por acaso. Porque ele foi bem no time sub-20 e porque a diretoria dispensou todos os outros: Mena, Matheus Reis, Carlinhos, Reinaldo e até Cortez. Veio o desconhecido Edimar emprestado de graça pelo Cruzeiro no fim do semestre e ainda nem estreou. Não conta. Que planejamento é esse? Ok, a cúpula negociava com Dener da Chapecoense e infelizmente ele perdeu a vida no acidente no fim de 2016. Mas não tem plano B? O São Paulo tinha a prioridade na contratação do bom Renê, do Sport. O time pernambucano chegou a notificar os dirigentes tricolores sobre a proposta do Flamengo, mas o São Paulo deu de ombros e nem sequer tentou contratá-lo. Porque tinha que gastar, claro. E Renê foi para a Gávea.

O São Paulo emprestou Hudson de graça ao Cruzeiro em troca de Neilton. Não vou falar de Neilton. Todo mundo sabe o que aconteceu. Hudson nunca foi unanimidade. Isso é uma verdade. Porém, para aqueles que a memória trai, o negócio com os mineiros foi feito no momento em que o São Paulo ainda não tinha Jucilei e Wellington sequer havia sido inscrito para nenhuma competição e poderia sair também. Quem marca nesse meio campo? João Shimidt? Cueva? Thiago Mendes? Cícero? Nenhum deles é pegador como Jucieli ou o próprio Hudson. Totalmente sem nexo essa negociação. Ainda mais pelo momento.

Para finalizar, as duas eliminações (Copa do Brasil e Paulista) ocorreram em casa, quando, se somadas as duas partidas, o São Paulo tomou 4 gols de Cruzeiro e Corinthians e não fez nenhum. Os resultados fora de casa provam que com aquele algo a mais no Morumbi, poderíamos estar comemorando agora ao invés de discutindo a honestidade do Rodrigo Caio ou mesmo se o planejamento foi bem feito ou não. Ainda resta a Sul Americana. E vem aí o Brasileirão. Acredito que ainda precisamos de um zagueiro (pelo menos) dos bons e não aposta, dois volantes marcadores (porque só o Jucilei não dá), mais um meia e mais um lateral direito. É “chover no molhado”, mas no Brasileirão tem que ter elenco grande.